O mundo ano está chegando ao fim e a cabeça anda em ebulição sobre 2024. Não sou de fazer metas para o ano (deveria?), mas mudanças vão acontecer. Enquanto isso, tento segurar as expectativas para ver se aproveito dias menos urgentes agora em dezembro.
E com isso dito, vamos ao cardápio da edição:
💭 Andei pensando - A elegância da falta de urgência.
👩🏫 Eu que fiz - Você sabe por que é difícil para você dizer “não”?
🎶 Ouve que lá vem história - o som instrumental dos Hermanos Gutiérrez que me arrebatou no dia 2 de junho.
💭 Andei pensando: A elegância da falta de urgência
"Ela tem uma falta de urgência que é bonita de ver." - Foi assim que consegui expressar a postura da Marisa Monte no palco, durante o show da turnê "Portas" que assisti em Lisboa algumas semanas atrás.
Entre uma canção e outra, ela apresenta os músicos de sua banda, mas o faz de um jeito tão delicado que comecei a ficar ansiosa não só pela próxima música, mas pela próxima história que ela contaria sobre aqueles músicos que a acompanhavam.
Acredito que a maioria dos cantores tenta apresentar a banda de uma forma respeitosa, mas sem perder muito tempo, afinal, você foi ali para o ouvir cantar e não para o ouvir falando dos outros, certo? Eu também achava isso, mas Marisa me fez ter uma experiência completamente diferente.
E antes que você pense que eu sou uma daquelas fanáticas pela Marisa Monte que vai ovacionar qualquer coisa que ela fizer no palco, não se engane. Tenho apreço por algumas músicas e só. Fui ao show porque as amigas que fui visitar em Portugal queriam ir e eu achei que seria uma boa ideia acompanhar.
No começo do show tinha algo meio estranho no som e até na voz da Marisa, já que estamos acostumados com a versão limpa e cristalina que o álbum nos entrega, mas além dela já ter 56 anos e parecer ter 26 no palco, o show dela é simples, gentil, caseiro de um jeito bom e ela parece fazer zero esforço para entregar tudo o que coloca ali.
Acho que é essa falta de urgência que falei no começo do texto. Ela não tem pressa para agitar o público, não tem pirotecnia para parecer maior (ela já é gigante na sua delicadeza) e tem plena convicção da arte que entrega. Ela sabe que não é para todos, mas para os seus ela importa e seus versos simples se tornam uma leitura complexa da natureza humana.
Eu me vi cantando junto muito mais músicas do que imaginei que conhecia e saí de lá com algumas lições.
A primeira é fazer o que eu acredito, não importa se faz barulho ou não. Vai ressoar em quem tem que ressoar.
A segunda é que dá para ser muito bom sem querer fazer tudo para ontem. A falta de urgência é de uma elegância ímpar.
E o terceiro é que shows são experiências sempre muito inspiradoras. Preciso ir a mais shows.
👩🏫 Eu que fiz - Você sabe por que é difícil para você dizer “não”?
No último dia 7, conduzi uma roda de conversa sobre como usar a Comunicação para colocar limites no trabalho - divulguei na última edição inclusive.
Foi um encontro pequeno, intimista e despretensioso, sem o meu usual controle do tempo a ferro e fogo e sem uma tonelada de conteúdos. A ideia era trocar e refletir, e quanto falamos de colocar limites e da sobrecarga que isso pode trazer quando os limites não ficam claros, sempre caímos no mau uso da palavra “não”.
Aqui estão algumas ideias para reflexão, caso dizer “não” seja um problema para você:
🎶 Ouve que lá vem história: Hermanos Gutiérrez
Não sei nem por onde começar a falar de Hermanos Gutiérrez. Eles terem sido meu artista mais ouvido esse ano na retrospectiva do Spotify não foi surpresa, apesar de tê-los conhecido no dia 2 de junho.
Tenho essa data fresca porque esse foi o dia da edição #32 da newsletter
, do Matheus de Souza, onde ele escreveu:Amo acompanhar letras de música, mas algumas canções instrumentais me arrebatam (e ainda falarei sobre algumas delas aqui) e Hermanos Gutiérrez foi aquele amor nas primeiras notas que acontece poucas vezes na vida.
Seguindo a dica do Matheus, busquei o duo no Spotify e deixei tocando enquanto trabalhava, mas me vi interrompendo meus pensamentos algumas vezes para colocar essa faixa aqui no repeat:
O último álbum deles, El Bueno Y El Malo, tem aquela pegada Ennio Morricone da trilha sonora do filme "The Good, The Bad and The Ugly", com uma clara referência no nome da obra. Não sabe do que eu tô falando? É só ouvir os primeiros 30s dessa música que você vai reconhecer.
E preciso confessar algo: eu AMO um filminho WESTERN SPAGHETTI com o Clint Eastwood jovenzinho, todo sujo, que só fala sussurrando, tocando o terror no faroeste americano.
Se você não viu a "Trilogia dos Dólares", faça um favor a você mesmo e marque uma sessão pipoca em casa para assisti-los. Coisa boa demais.
Voltando ao dueto formado pelos irmãos equatorianos-suíços Alejandro Gutiérrez e Estevan Gutiérrez, eu nem consigo indicar um álbum melhor, porque todos são excelentes. Eu coloco o Spotify no aleatório e deixo que o dedilhado habilidoso de ambos me leve para os lugares que minha mente precisa estar para criar e trabalhar, como nessa música que deveria ter 10 minutos e não apenas 1:
Recomendo muito que vocês também façam essa viagem com a dupla e depois me contem suas favoritas.
BÔNUS:
Um dia falo aqui sobre o Postmodern Junkebox, mas fiquem com essa fabulosa versão de "I Was Made For Lovin' You" do Kiss em estilo Spaghetti Western com a Effie Passero jogando na nossa cara o quanto ela canta:
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Adorei! Hermanos Gutiérrez embalaram muitas manhãs de trabalho por aqui em 2023.