Estou completando um mês longe do Substack, esta que considero a melhor parte da internet atualmente, mas te garanto que a distância foi meramente física porque eu pensei TODOS OS DIAS no Liliando e no quero colocar nessa newsletter daqui pra frente.
Mas antes de explicar minhas ideias malucas e sua origem na força do ódio, queria compartilhar um pouco do caos que rolou por aqui. Além do caos que o mundo já está, não é mesmo?
1. Visita de mamãe
Em duas semanas completo 1 ano morando na Dinamarca e essa foi a primeira vez que minha mãe veio para cá. Foram só 10 dias, mas uma visita desse tipo começa bem antes, não só pelo planejamento de atividades e reorganização da rotina, como pelo preparo emocional necessário - ou seja, os 10 dias anteriores à chegada dela despejaram uma boa dose de ansiedade na pessoa que vos escreve.
2. Cirurgia da Cipolla
Eu tenho uma cachorra com centenas de apelidos, mas grazadeus ela é inteligente e só atende pelo nome e seu diminutivo. O resto ela ignora e sabe que é palhaçada de seus tutores. Pois bem, a dona mocinha chegou na Dinamarca em julho e em pouco tempo nos fez o favor de romper parcialmente o ligamento do joelho.
Não vou entrar nos pormenores dessa novela que envolve duas clínicas veterinárias, atendimentos, exames e receitas em inglês, um spin-off com a seguradora e é claro, os valores astronômicos de se tratar um cão nesse país.
No final deu tudo certo: conseguimos o diagnóstico correto, o reembolso do seguro de Cipollina e ela está seguindo super bem na recuperação da cirurgia…
…que ocorreu três dias antes da chegada da minha mãe.
E como eu tô bem longe de ser madame, ainda tenho o meu trabalho, palestras, as aulas de dinamarquês, cuidar da casa, comida e tarefas ordinárias de quem não nasceu herdeira.
Enfim, vamos ao que (te) interessa
Já devo ter comentado aqui que de alguns meses para cá, tenho trabalhado com mais empenho em colocar conteúdo profissional na internet. Eu adoro criar conteúdo, mas o modelo que o mercado tem exigido não é dos melhores - hoje em dia até dentista tem que fazer dancinha no TikTok para se divulgar e eu acho isso o fim da picada.
Eu admito que tenho ranço desse movimento por inúmeros motivos, porém, dada a natureza do meu trabalho, do tipo de projeto que paga minhas contas e após conversar com alguns especialistas (nada como ter amigos que são profissionais incríveis), o meu foco precisa ser o LinkedIn,
a rede
social
que
eu
mais
detesto.
Muito do meu espaço mental dos últimos meses foi ocupado em uma arena de combate com dois oponentes fortíssimos:
De um lado, todas as fórmulas e argumentos de mercado que ensinam e comprovam como deve ser a presença online de uma empreendedora que fornece serviços para o mundo corporativo.
Do outro lado, minha rebeldia, minha teimosia e minha criatividade EXIGINDO que eu não caia nesse lugar-comum horroroso, que eu não me venda por pouco e não me torne aquelas pessoas horríveis que criam conteúdo porque tem que aparecer.
Por fim, o lado Sith venceu, mas com algumas condições:
Vou postar todo dia? Quase. Pelo menos 4 vezes na semana.
Vai durar pra sempre? Não. É uma experiência até o final do ano.
Vou encher linguiça? Farei todo o possível para ter um conteúdo minimamente de qualidade e autoral, porque tenho princípios.
Se quiser ver esse experimento ao vivo: me segue lá no famigerado.
Lili, você fez um artigo pra chorar as pitangas pessoais e anunciar que agora vai virar fanfiqueira de Linkedin?! Francamente, esperava mais de você.
CALMA, SUNSHINES!
É aqui que tudo converge e entra em cena a força do ódio.
Costumamos classificar a raiva como um sentimento ruim, digno de ser silenciado, mas a raiva move. Ela é um elemento de rápida combustão que funciona como uma mola propulsora para a ação, e isso pode ser muito positivo.
E como todo artista, eu tenho dentro de mim o monstrinho da criação. Quando estou escrevendo, gravando, fazendo lettering, ponto cruz, cozinhando, criando coisas e dando vazão à minha energia criativa, esse bichinho parece um ursinho carinhoso, distribuindo tudo o que há de bom pelo mundo.
Agora pegue essa criaturinha fofa e a prive do que ela mais ama fazer. Coloque muitos afazeres domésticos em sua rotina, preocupações, ansiedade e muitas atividades em que a prioridade é cuidar do outro e não de si. E no final diga pra ela: “Agora você vai criar coisas maravilhosas…pro Linkedin!”
Não se preocupem, eu não perco o controle e nem enlouqueço, mas o monstrinho precisa ficar em uma enorme jaula para que as urgências sejam resolvidas.
O curioso é que, enquanto ele esperneava, várias ideias surgiram. A maioria relacionada a esse lugar chamado Liliando - não falei que pensei nisso todos os dias?
E eu tomei nota. Muitas notas. E mesmo com o desafio dos conteúdos-minimamente-de-qualidade-na -rede-social-coxinha, muitas ideias surgiram pra cá.
Afinal, o que é um lugar chamado “Liliando” se não um espaço para compartilhar a minha curadoria do mundo?
Eu sei que o que eu vejo vai muito além de uma crônica aqui e ali. E também não se encaixa em “um comentário de quatro parágrafos para gerar audiência”.
Tem a ver com reflexões, e por isso as crônicas continuarão.
Tem a ver com coisas que eu achei legal demais, dentro e fora da internet.
Tem a ver com o meu olhar para o belo, ainda mais no cenário gelado do inverno nórdico que está chegando.
Tem a ver com o que eu faço e crio como profissional - e vai MUITO além do Linkedin.
Ah! E tem a ver com música. Sim, muita música 😎
Tenho brincado com uma nova paleta de cores, mas a mudança vai ser sutil. Inventei mil seções e novas maneiras de dividir o conteúdo. Como vai ser exatamente ainda não sei, mas na próxima edição, vou abrir a jaula e amansar meu monstrinho.
Espero que vocês gostem🌻