Tô num gás sem fim nesse começo de ano. O que me lembrou que ano passado, foi igual. Milhões de ideias e planos - até escrevi sobre isso no Liliando - porém, fui atravessada por um projeto conturbado, complexo, confuso, extenuante que rolou entre dezembro de 2023 e fevereiro 2024. Levei mais de um mês pra me recuperar da tensão e das madrugadas trabalhadas, e com isso, toda a energia do começo do ano foi canalizada pro lugar errado.
Era pra eu estar escrevendo, criando projetos que acredito. Mas usei meu gás pra fazer planilhas.
‘Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro' - Belchior
Me guiando pelas palavras de Belchior, esse ano estou tentando fazer diferente. “Tentando” porque nem tudo está sob nosso controle. O resultado de um exame médico quase me atravessou de novo, mas eu não deixei. Mesmo tensa com a consulta médica, me organizei para manter o foco no “fazer acontecer”. É o lema do ano.
E no final não era nada de mais. Ufa, bora se concentrar de novo.
Uma das minhas primeiras definições do ano foi simples: menos tempo no celular. “Fazer acontecer” demanda dedicação e ficar de preguiça no sofá não constrói nada. Lá vou eu de novo abandonar o Instagram por tempo indeterminado e dessa vez fui bem radical: desinstalei todos os jogos do meu celular.
Parece bobo para você? Pois bem, eu gasto cerca de 20h semanais em Instagram e jogos no celular 🤡 Não precisa fazer conta, dá quase 3h por dia. Sem contar WhatsApp e outros aplicativos. O número é alto.
Mas também é alto o número de livros em português que eu trouxe do Brasil 😀 E o número de livros em inglês que estão na minha lista da Amazon. Pensei até em fazer uns vídeos sobre alguns títulos, porque eu amo comentar minhas leituras, sejam elas boas ou ruins. Faz parte da jornada.
Além disso, em exatos dois meses começa o SXSW, em Austin no Texas (EUA) e eu estarei lá, 7 anos depois da minha primeira vez nesse evento. Espero ter capacidade de armazenamento suficiente para absorver todo o conteúdo que vou encontrar.
Vai pro SXSW 25 também? Me manda mensagem!
Comecei esse texto querendo falar sobre desapego e acúmulo na era digital e tô aqui, jogando um monte de questões pessoais na rede. Você se incomoda se eu mudar de assunto? Espero que não :)
Nesse movimento de ‘limpar o tempo das coisas inúteis', me peguei pensando sobre apegos virtuais.
Enquanto na vida real as pessoas parecem tão desapegadas, com conexões tão frágeis entre si, vivemos um movimento oposto no virtual: uma necessidade esquisita de acúmulo. Precisamos estar em todas as redes sociais, não podemos perder conexões, dói cogitar parar de seguir alguém, sem contar a busca por likes, visualizações e engajamento.
E eu não estou falando de influencers e pessoas que dependem do engajamento nas redes como trabalho. Estou falando de gente comum, como eu e você.
Será que isso é uma consequência de quando a internet era escassa? Se você tem 30+ vai lembrar que:
O Fotolog (ou Flogão) permitia publicar uma foto por dia. Que exercício de curadoria se fazia necessário para gerar conteúdo nessa época 😂
O álbum de fotos do Orkut permitia 12 fotos. Chora, Instagram.
O “About” do ICQ tinha limite de caracteres e era sofrível tentar citar todos os seus amigos lá. Sem contar na ordem de importância. Esse aqui só o pessoal raiz vai lembrar.
Nostalgias à parte, saímos de um espaço limitado - onde inclusive era necessário entrar e sair da internet - para um oceano vasto em que precisamos ocupar cada pedacinho, sem refletir a real necessidade de seguir, criar, publicar ou consumir o que nos é apresentado.
Quer um exemplo fresquinho? O carrossel do Instagram.
Esse recurso demorou para ser criado - era uma foto por post e olhe lá. Depois viraram várias, até 10. Recentemente aumentaram o limite para 20 imagens por post. E sabe o que é doido? A maior parte dos criadores de conteúdo preenche esse espaço todinho.
Será que antes havia mais conteúdo que não era postado pela falta de ‘espaço’ ou as pessoas hoje inventam ainda mais coisas para não perder essa oportunidade de visibilidade?
Fiz uma recapitulação de várias pessoas que eu já segui, mas não sigo faz tempo. E foi gostoso demais perceber que essas pessoas e seus conteúdos fazem ZERO falta na minha vida. Tinha influencer de culinária, de lettering, de trabalho…e eu não consigo me recordar de nenhum conteúdo deles que de fato tenha me marcado ou me trazido alguma ideia importante.
Enquanto reflito sobre o meu consumo de conteúdo, não consigo deixar de pensar também como criativa. Tem tanta coisa que eu queria construir e postar, mas me questiono o quanto aquilo vai agregar nesse mundo inundado de informação 😔
E claro: como você compartilha suas ideias com o mundo, se esquivando de estar nas redes sociais?
Reflexão pesada para os próximos dias.
Por enquanto sigo no meu autobanimento do Instagram, continuo pregando que o Substack é o melhor canal de consumo de conteúdo da atualidade e animada para continuar escrevendo Greenfar, ler e comentar muitos livros, e desenhar um projeto profissional muito lindão 😉
Bem-vindo 2025!
Seja gentil e bora fazer acontecer 🌻
Percebi que muita gente deu uma largada das redes sociais nesse começo de 2025. Acho que o excesso de informações está deixando a gente esgotado.