O que deu errado no 1º ano de Dinamarca?
Perrengues, letras geniais do brega e aquela curadoria marota de humor do Instagram.
No cardápio de hoje tem Dinamarca, mais uma gravação inspirada onde gastei um bom tempo de edição e o creme de la creme do entretenimento do Instagram:
💭 Andei pensando - O que deu errado no 1º ano de Dinamarca?
🎶 Ouve que lá vem história - A riqueza das letras do brega.
💙 Curadoria do Bonitão - aqueles conteúdos marotos garimpados do Instagram para justificar pro meu marido porque eu pago a internet - já que ele não tem redes sociais.
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💭 Andei pensando
O que deu errado no 1º ano de Dinamarca?
O ano 1 da maioria das experiências é um festival de tentativas e erros. Pense em coisas como ter um bebê e mantê-lo vivo até seu primeiro aniversário, um casamento, um novo negócio - e não seria diferente com uma mudança de país. Completamos 17 meses em terras nórdicas, então escolhi esse tema pra não perder o timing.
E não pensem que só porque passou de um ano que agora dá tudo certo, viu? Seguimos aprendendo.
SUPERMERCADO:
Eu amo um supermercado. Sou daquelas que quando viaja precisa ir aos mercados locais. Pensei: “Com o Google Tradutor tudo se resolve”. Errei.
As primeiras vezes que fui ao mercado aqui em Copenhague me senti derrotada. O lance de usar o Google Tradutor é ótimo para uma coisa ou outra, mas não para uma lista de mercado completa. Sem contar o desconforto de ficar mais de 10 minutos parada na frente da mesma prateleira tentando entender e escolher uma opção de tempero – sempre ficava preocupada de acharem que eu estava roubando 🤡
Na primeira vez, em especial, eu saí com metade das coisas que precisava e ainda tomei um tombo na rua. Ali eu percebi que o fundo do poço tem um alçapão.
Hoje em dia sinto que dominei a arte dos mercados da Dinamarca, mesmo sendo uma das coisas mais complicadas desse país – expliquei o porquê no final dessa edição aqui.
CORAL:
Quando soubemos da mudança para a Dinamarca, comecei a caçar um coral por aqui que aceitasse pessoas de fora e tivesse um repertório divertido. Para quem não sabe, eu cantei em coral por 10 anos no Brasil e acho uma atividade maravilhosa. Também achei que seria o lugar ideal para começar amizades em um novo país.
Achei o coral PERFEITO quando ainda estávamos no Brasil. Era o coral de uma Universidade bem no centro de Copenhague, aberto e composto em sua maioria por estrangeiros e com um repertório pop atual muito legal. Eu senti como se tivesse ganhado na loteria.
Chegamos aqui no final de novembro de 2022 e as inscrições para novos coralistas aconteceria em mar/abr de 2023. Contei os dias e lá fui eu.
Quem já leu a crônica da edição que citei acima, sabe no que deu.
Deu muito errado.
Não senti que era um ambiente para fazer amigos - havia muitas panelinhas e aquele clima meio competitivo universitário nojento –, a maestrina não parecia interessada em ensinar a galera a cantar (e ainda havia uma certa indisposição dela com o conselho do coral, por conta do valor que era pago pelo seu trabalho), e eu percebi que só ia gastar meu tempo tentando estudar as músicas - já que ninguém ajudava nos ensaios - para ser obrigada a frequentar um ambiente nada convidativo uma vez por semana.
Saí e foi a melhor coisa que fiz.
CAFÉ PRA UM:
Não é fácil fazer amigos já adultos, mas não posso reclamar da rede que construí por aqui. Algumas dessas pessoas conheci por intermédio de terceiros, depois marquei um café e a coisa fluiu.
Mas teve uma vez que deu bem errado.
O pior de tudo é que para esse café em especial eu criei altíssimas expectativas. Conheci essa pessoa em um encontro de brasileiros em um bar, mas já tinha ouvido falar dela. Tínhamos amigos em comum no Brasil e uma trajetória profissional muito parecida e motivada pelas mesmas inquietudes.
Pensei: “Vai ser minha melhor amiga, vamos fazer projetos juntas e vai ser incrível.”
Marcamos, nos encontramos e aparentemente deu tudo certo, mas sabe quando não dá liga? Senti que a fluidez da conversa demandava uma energia enorme de mim, havia gostos e momentos de vida muito diferentes e no final fiquei com a sensação de que a gente nunca mais se falaria.
Trocamos mais umas 2 mensagens depois e só. Faz parte dessa aventura de fazer amigos na vida adulta.
MULHERES PALESTINAS:
(Olha as coisas que eu me meto…)
Aqui na Dinamarca, quando você precisa ir ao médico, sua primeira consulta será sempre com o seu médico de família. Ele é responsável por indicar um especialista ou te mandar de volta para casa com a recomendação de paracetamol e descanso – o que ocorre na maior parte das vezes.
Marquei uma consulta com minha médica e fiquei muito aliviada de descobrir que ela é uma fofa, diferente do que muita gente fala dos médicos de família por aqui. Ela é da Palestina e AMA brasileiros. Ama tanto que, ao saber do meu trabalho com RH, me convidou para participar de um grupo de Mulheres Palestinas que ela conduz, me disse que eu poderia ser útil.
Vale ressaltar que o convite foi feito e reforçado em diversos SMS que ela me mandou dizendo a hora e o local 🙃
Como eu não sei dizer “não” e fiquei curiosa, lá fui eu num domingo a tarde pro tal encontro. Chegando lá descobri que boa parte das pessoas só falava dinamarquês e por sorte, nesse dia, havia uma portuguesa que foi traduzindo tudo para mim.
O encontro foi interessante – discutimos saúde mental, principalmente nas famílias palestinas mais fechadas e iniciativas para aumentar o grupo e promover viagens para a Palestina. Até poderia ser uma oportunidade boa para eu treinar o dinamarquês, mas considerando tudo o que já se passava na adaptação do primeiro ano aqui, entendi que seria demais comprometer todos os meus domingos para esse fim.
Poucas semanas depois se iniciaram os conflitos na faixa de Gaza e eu não sei como o grupo ficou ☹
Esses são só alguns exemplos das experiências que tive aqui. Talvez você esteja pensando: “Mas quem manda inventar tanta coisa?!”
É porque eu acredito que uma boa parte de fazer as coisas darem certo é tentar. E enquanto a balança pender pro lado bom, vai estar valendo a pena 🌻
🎶 Ouve que lá vem história
A riqueza das letras do brega
A melhor maneira de curtir essa seção é dar o play no áudio acima e ir acompanhando o texto abaixo - prestigie as horas de edição desse áudio e me ouça passando vergonha no finalzinho :D
Já devo ter comentado que eu amo acompanhar as letras das músicas que ouço. Seja em um idioma que eu falo ou não, eu costumo ir atrás do significado do que é cantado, mas hoje preciso falar sobre a genialidade das letras do brega brasileiro.
Quer ver eu me mexer automaticamente? É só tocar um tecno brega bom. É coisa linda de ouvir e sentir. E as letras…essas me pegam. É cada pérola que algumas pessoas pensam que de tão ruim fica bom. Eu acho fabuloso e de uma genialidade ímpar.
Essa brisa começou porque Pablo Vittar lançou um cover de uma música chamada “Não desligue o telefone” da Banda Dejavu e assim que ouvi pensei: “Ué, essa música é velha!” e corri pra versão original, já que a batida desse lançamento parece que você pegou a estrela no jogo do Mario World e não me agradou.
“Amor, por favor
Não desliga o telefone
Eu sou sua mulher
E você é o meu homem”
Às favas com rimas ricas. O negócio aqui é o sentimento.
Puro suco de Brasil: aos 2 min eles colocam o TELEFONE de contato para shows. Mais raiz impossível.
Ainda sobre a banda Dejavu, vale também colocar esse vídeo que eu sou apaixonada pela simplicidade e pelos detalhes da animação:
Por favor, reparem nas batidinhas de palma e na bundinha. Bom demais.
O que pensa que eu sou?
Se não sou o que pensou
Me libera, não insista
Vai viver um outro amor
“O que pensa que eu sou, se não sou o que pensou?” Se repetir 3x fica mais claro :D
Outra música que me pega demais é Xirley da maravilhosa Gaby Amarantos:
A letra toda é sensacional, mas olha isso:
Saia vermelha, camisa preta
Chegou pra abalar
Quando tu for na casa dela, lhe buscar, ela vai preparar
Café coado na calcinha, só pra te enfeitiçar
Sério. É tanto folclore em uma letra aparentemente tão simples que só posso achar genial.
Meu próximo exemplo talvez torça seu nariz, mas eu como publicitária tenho uma inveja terrível da criatura que escreveu essa letra. Tô pra ver trocadilho mais brilhante:
O jeito é dar uma fugidinha com você
O jeito é dar uma fugida com você
Se você quer saber o que vai acontecer
Primeiro a gente foge, depois a gente vê
“Mas Lili, essa música é sertanejo, não brega.” Mas é genial e na minha cabeça não foge do tema :D
Não sei bem porque essas músicas geralmente só tem na versão ao vivo, se souber, me conta.
Pra fechar, uma das minhas letras favoritas desse universo brega. A música é uma versão de Something good can work da banda inglesa Two Door Cinema Club feita pela Banda Uó - que merece um post só sobre ela. Amo.
O lance aqui é que TODA A LETRA é boa demais. Algumas partes não são apropriadas para menores de 18 anos, mas tudo é genial. Não sei se o cover foi autorizado, então essa música não está no Spotify, mas tem um clipe ótimo no YouTube:
O gosto amargo do perfume dele
Quando beijo seu pescoço
Já não sai de mim
Onde quer que eu for
Perceba a profundidade de sentimentos que essas frases refletem: amor, desejo, ciúme, desgosto, tudo junto e misturado. Se isso aqui não é formidável, eu já não sei de mais nada. Vale pegar a letra toda :)
Até a próxima e ouçam tecno brega. Bom demais.
💙 Curadoria do Bonitão
Conteúdos marotos garimpados do Instagram para justificar pro meu marido porque eu pago a internet - já que ele não tem redes sociais.
🦩O que esse moço faz com o chocolate é surreal, mas nessa ele se superou.
🐐 Cabras no telhado.
🎸 “Tráfico” on-line estilo gospel.
👹 Só para quem viu Duna 2 - a ‘andadinha’ no corredor me quebrou de rir.
🤫 3 lugares na Dinamarca para visitar se você não tiver grana.
👩🏫 Eu que fiz
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